Saída de dólares do país em junho é a maior do ano, diz BC

A retirada de dólares no país superou o ingresso de moeda estrangeira em US$ 2,6 bilhões no mês de junho, de acordo com números divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Banco Central.

É da maior retirada líquida de moeda estrangeira da economia desde dezembro do ano passado, quando US$ 6,7 bilhões deixaram o Brasil. Esta também é a primeira saída de divisas do país desde fevereiro deste ano (-US$ 105 milhões).

Impacto na cotação do dólar
A saída de recursos no país registrada em junho, segundo analistas, favoreceu a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tende, teoricamente, a ficar maior. No fim de maio, o dólar estava sendo cotado em R$ 2,14, terminando junho em R$ 2,23.

Economistas avaliam que, além da escassez de recursos direcionados para a economia brasileira, também consequência da retirada de estímulos nos Estados Unidos, a alta do dólar no Brasil também está relacionada com as expectativas negativas para o país – que tem se ressentido de um baixo crescimento do PIB e de uma inflação em alta.

Analistas também reclamam que a equipe econômica tem falhado em fornecer indicações mais claras sobre a política fiscal (meta de superávit primário alvejada) e sobre a política monetária (inflação de fato buscada pelo Banco Central). A Standard & Poors, agência de classificação de risco, colocou, no mês passado, em perspectiva negativa a nota da economia brasileira.

Primeiro semestre
No acumulado do primeiro semestre deste ano, os números da autoridade monetária revelam que houve o ingresso de US$ 9,53 bilhões na economia brasileira – valor que, segundo economistas, foi influenciado pela captação de recursos no exterior da Petrobras.

Mesmo assim, houve uma queda de 59% frente à entrada de dólares registrada nos seis primeiros meses de 2012 (US$ 22,9 bilhões).

Medidas do governo
A saída de dólares do Brasil registrada em junho acontece após o governo brasileiro ter retirado uma série de travas ao ingresso de divisas no país. No começo de junho, o Ministério da Fazenda zerou o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa. Até aquele momento, a alíquota era de 6%.

Uma semana depois, o governo zerou também o IOF sobre a venda de dólares no mercado futuro – facilitando estas transações – que têm impacto no preço do dólar no mercado à vista. No fim do mês passado, o BC alterou as regras dos depósitos compulsórios dos bancos (recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária), facilitando a venda de dólares pelas instituições financeiras e, com isso, diminuindo a pressão de alta na cotação da moeda norte-americana.

Contas comercial e financeira
Apesar de não ter impedido uma saída de dólares do Brasil, os números do BC mostram que as medidas do governo federal relativas ao IOF e ao compulsório dos bancos para posição vendida no mercado de câmbio melhoraram o perfil da chamada "conta financeira" – que registrou saída líquida de US$ 771 milhões em junho.

Essa retirada de dólares pela conta financeira, registrada no mês passado, representa o melhor resultado desde o ingresso de US$ 2,37 bilhões em janeiro de 2013.

Além da conta financeira, que contabiliza os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros, o fluxo cambial também tem a chamada "conta comercial" – que registra os contrratos de câmbio de exportação e importação.

Em junho deste ano, a conta comercial registrou a saída líquida de US$ 1,86 bilhão do país - no pior resultado desde janeiro deste ano, quando foi contabilizada a retirada de US$ 4,75 bilhões do Brasil por este segmento.


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